Despedida
- cassia suzuki
- 10 de ago.
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Neste período em que meu pai estava se recuperando da cirurgia, tive o privilégio de atender alguns pacientes antigos. Num momento em que se pede tanto uma medicina humanizada, o que ouvi de todos eles foi justo esta a sua maior característica: um médico humano.
Na profissão, sempre teve o comportamento de um legítimo cientista: a humildade diante dos desafios, e a integridade no desenvolvimento da pesquisa. Frase dele na tese de Livre Docência: "Universidade é figura de proa. Sendo figura de proa, tem que desenvolver. Só desenvolvendo e sofrendo no dia a dia é que a gente constrói alguma coisa ou pode, pelo menos, se equiparar ao desenvolvimento internacional. Toda vez que nós só absorvemos coisas desenvolvidas fora, no máximo conseguimos igualar, e nunca superar".
Entre seus alunos e pares: nunca se deixou levar pela lisonja ou pela retórica. Para ele, o legítimo conhecimento merecia ser compartilhado e discutido com transparência. A verdadeira função da Academia.
Em casa, com minha mãe: amor, repeito e admiração mútua, uma verdadeira parceira: a Arte da prática médica e o olhar artístico das doenças retinianas. E conosco, filhos e netos: um pai e avô carinhoso, lastro ao passar valores, não por palavras ou discursos, mas por atitudes generosas, sábias, íntegras e profundamente críticas no sentido de exercer não em palavras, mas também em atitudes seus principais valores independente do senso comum: expertise, ética e extremo respeito a todos.
Vai, pai!! Estamos em Paz.

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